Igrejas Fracas
Na cabeça da maioria dos evangélicos, o que torna uma igreja fraca são apenas dois fatores: o número reduzido de pessoas e a música de baixa qualidade técnica. De acordo com esse modo de pensar, se a igreja estiver lotada e o “grupo de louvor arrasar”, a igreja será forte, dinâmica, viva e vibrante.
Obviamente, as pessoas que pensam dessa forma acreditam que a igreja é uma versão gospel reduzida do Lollapalooza. Assim, é obvio que adotem esses critérios para avaliar a força de determinada comunidade cristã e, caso percebam que se trata de um grupo não muito grande e sem nenhum espetáculo musical, logo concluem que tal igreja precisa de um avivamento.
Quanta bobagem! Muita gente e muita música podem medir a força e o sucesso do Lollapalooza, mas esses fatores não têm relevância alguma como critérios para avaliar a força de uma igreja. Na Bíblia, esses critérios são bem outros. Destaco aqui apenas três deles.
Em primeiro lugar, uma igreja pode ter sua força avaliada pelo número de incrédulos infiltrados nela. Sim. A Bíblia mostra, em Judas 4, que há um tipo de incrédulo que gosta de frequentar igrejas e conquistar espaço dentro delas. Não sabemos ao certo os motivos que os levam a isso. Talvez, queiram buscar algum alívio para a consciência, tentando se convencer de que não são tão maus assim; talvez, queiram “socializar” num ambiente diferente daquele a que pertencem... Sei lá... O fato é que eles se infiltram na igreja e, cedo ou tarde, aprontam alguma das suas.
Ora, uma igreja se mostra fraca quando um número enorme de seus membros e frequentadores é integrado por gente assim. Nesse tipo de igreja, mesmo havendo muitas pessoas, muita animação e muita música, o ambiente não terá vida espiritual, pois o número dominante dos que estão ali presentes terá vida suja, revelará desinteresse pela verdade e nutrirá antipatia em face de tudo que é santo, puro e verdadeiro. Como considerar forte uma igreja desse tipo? Para ser sincero, creio que uma comunidade assim, dominada por incrédulos, sequer merece o nome de “igreja”.
Em segundo lugar, uma igreja pode ter sua força avaliada por aquilo que ocorre em seu púlpito. Se esse púlpito não prega a pura Palavra de Cristo, então a igreja será fraca e jazerá em coma espiritual, incapaz de perceber a gravidade de seu próprio estado.
Em 2Timóteo 3.16, Paulo mostra o quanto a Palavra é útil para absolutamente tudo na vida cristã, sendo fundamental para o ensino, para a correção e para a capacitação do crente. Obviamente, onde essa Palavra não é pregada, reinando apenas testemunhos vazios, jargões repetidos, piadas irreverentes, ensinos seculares, frases de autoajuda, desordens chocantes, espetáculos de luz e danças ridículas, a anemia espiritual será dominante e, com ela, o mau testemunho, o pecado obstinado, a hipocrisia religiosa, o apego a bobagens e a vida torta vivida, geralmente, às escondidas. Como alguém poderia dizer que uma igreja assim é forte? Somente um cego teria essa concepção. O menor conhecimento bíblico abriria os olhos de qualquer pessoa, fazendo-a enxergar a grave anemia de uma comunidade assim.
Em terceiro lugar, o que revela que uma igreja é fraca é a falta de disciplina eclesiástica. Paulo disse que “um pouco de fermento leveda toda a massa” (1Co 5.6). Que verdade simples e, ao mesmo tempo, grandiosa! De fato, na igreja em que até mesmo um pouquinho do fermento do pecado é tolerado como algo normal, toda a comunidade será contaminada, criando um estilo de vida, por parte dos membros, que será vergonhoso e prejudicial ao Evangelho. Isso enfraquecerá mais e mais a igreja, tornando-a pífia espiritualmente, mesmo que tenha grandes projetos sociais, programações fantásticas e salões lotados.
Acolhendo a importância da disciplina eclesiástica, porém, a igreja sempre corrigirá seus membros que caírem no pecado e removerá do seu meio aqueles que, mesmo admoestados, insistem em viver na lama. Com isso, manterá a pureza e se mostrará saudável e forte, ainda que seja integrada por apenas quinze ou vinte pessoas e cante seus hinetos somente ao som de um velho violão.
Portanto, não se deixem enganar! O que torna uma igreja fraca não são os mesmos fatores que tornam um evento como o Lollapalooza fraco. A igreja é uma instituição singular, criada por Deus e que, por causa disso, deve ser avaliada a partir de padrões distintos. De fato, sua força não está em seu aumento numérico, nem em salões imensos, nem tampouco em espetáculos de técnica e talento.
Em vez disso, sua força está no fato de ser integrada por pessoas transformadas, em proclamar fielmente a verdade e em preservar a pureza em seu meio. Longe dessas coisas, a igreja definhará, andará cambaleante e, enfim, será sepultada sob o entulho do pecado, da mentira, do entretenimento e das futilidades inventadas por falsos pastores.
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria